QUEM É A CRIANÇA DISLÉXICA E COMO DESENVOLVER UM TRABALHO EFICAZ?
Como podemos ajudar o nosso aluno disléxico a ter uma vida normal junto da igreja?
Essas e outras perguntas podem ser respondidas lendo-se o texto abaixo.
Essas e outras perguntas podem ser respondidas lendo-se o texto abaixo.
Joveliana Amado da Silveira
Desde
a pré-escola que a criança disléxica apresenta dificuldades para
decorar cantigas de rodas, tem dificuldades para amarrar os cadarços dos
sapatos ou calçá-los corretamente, também para se vestir sozinho,
abotoar a roupa é quase impossível, muitas vezes não sabe o que a mãe
lhe pediu para pegar, isto mostra problemas de memória.
Esta criança parece estar perdida no tempo e espaço, confunde-se hoje, amanhã, ontem, direita, esquerda, para cima e para baixo.
Também apresenta dificuldades com a seqüência e parece nunca saber em
qual dia, mês ou ano está. Além disso, ao falar é hesitante, muitas
vezes perde-se no discurso, enrola-se e não consegue se expressar
claramente.
Durante o período que ingressa na alfabetização é que a criança
disléxica começa a ir mal na escola e muitas vezes é vista como
preguiçosa ou imatura.
No início da alfabetização, aos 7 ou 8 anos, aparecem as trocas de
letras visualmente parecidas b/p ou s/z e semelhantes v/f, m/u parecem
ser as mesmas, c/g, k/g. Aparecem também as letras e números espelhados,
invertendo a seqüência de letras de uma palavra ou omite letras.
Na
leitura faz trocas de letras ou adiciona palavras, além de apresentar
letra feia, (disgrafia), apresenta problemas de conduta, auto-estima e
variabilidade na produção.
A definição da dislexia para a Associação Brasileira de Dislexia,‘‘é
uma dificuldade acentuada que ocorre no processo de leitura, escrita,
soletração e ortografia.Não é uma doença, mas um distúrbio de
aprendizagem.Ela torna-se evidente na época da alfabetização, embora
mesmo com uma boa instrução, inteligência adequada, oportunidades
sócio-cultural e sem distúrbios cognitivos, quando a criança falha no
processo de aquisição da linguagem. A dislexia independe das causas
intelectuais, emocionais e culturais. É hereditária e ocorre com a maior
incidência em meninos’’.
O diagnóstico pode ser feito por meio de Exames de Imagem como: TC
(tomografia Computadorizada), RMF (Ressonância Magnética Funcional);
SPECT-(Tomografia por emissão de Fóton Único); PET: (Tomografia por
emissão de Pósitron).
*Mestre em Educação,Professora do Curso Normal Superior da
UNIPAC-Monte Carmelo, Psicopedagoga Clínica e Orientadora Escolar na
Rede Municipal de Ensino de Uberlândia,MG.
As características
dos disléxicos são vista quando há maior incidência em canhotos e
ambidestros; quando manifesta problemas no processo fonológico e
problemas na linguagem oral; além de problemas com a memória de
trabalho,sendo esta a dificuldade que permeia a dislexia. O distúrbio
afeta de 5 a 15% da população e apresenta-se com maior ou menor
intensidade em cada indivíduo, apresentando três graus: leve, moderada e
severa.
Há casos de crianças que lêem e não escrevem, elas têm uma
resistência maior, sofrem amais.Existe uma corrente que hipotetiza a
ortografia como área mais prejudicada pelo disléxico e outra corrente
acha que treina a ler,isto é, a leitura é menos prejudicada e escrita é
mais difícil (gravar é mais difícil).Existe também a criança que lê
muito bem mas não compreende nada (dislexia de compreensão).
O diagnóstico da dislexia é clínico e o tratamento é educacional, o
acompanhamento deve ser diário, semanal, mensal, ensinando a criança a
ler de outra forma. A dislexia não é tratada com remédios. A compreensão
é cientifica. Tem muitos cientistas estudando.
Os
tipos de dislexia: a adquirida (afasias, doenças após acidente
hemorrágico, meningite, acidente de carro, não é hereditária e a
segunda, de desenvolvimento visual (diseidética) e auditiva
(disfonética) não decodifica foneticamente, ainda a terceira que é a
junção das duas, a mista.As áreas atingidas são: linguagem oral,
processamento fonológico, memória de trabalho. Aparece muitas vezes dos 8
aos 10 meses no início da compreensão das palavras e aos 15 meses
quando adquire vocabulário expressivo.
O processo fonológico é o uso
das informações fonológicas nas estruturas da linguagem, isto é, onde
ocorre o armazenamento de fonemas. As habilidades envolvidas:
consciência fonológica, exige ritmo e aliteração na identificação de
sílabas, manipular fonemas.Quando ocorre a nomeação rápida, ou disnomia,
amadurecimento do corpo caloso.Antes dos 7 anos depende do corpo
caloso,isto é, o que une, que ajuda a passar informações de um
hemisfério para outro.
A memória de trabalho é a organizadora de prioridades.No caso do
disléxico é a mais afetada.Ela é importante para aprender a escrever,
operar com os números. A memória seqüencial auditiva é responsável pela
aprendizagem do alfabeto, músicas, meses do ano, e, no caso do disléxico
não decora o alfabeto pois tem dificuldade nesta área. Já a memória
seqüencial visual, é utilizada quando se escreve palavra e percebe que
as letras seguem uma ordem. Para tratar os disléxicos devem-se procurar
atividades que faça associar letras ao som.
A leitura é a interação de diversas vias neurais e depende de
estruturas corticais integras, entretanto, o difícil ato de ler requer
vários processos neurológicos, psicológicos e sócio-ambientais para ser
efetivo. O cérebro tem a capacidade plástica para adaptar-se, por exemplo, quando uma pessoa tem acidente vascular, o cérebro utiliza outra área para realizar a mesma tarefa.
É impressionante que a maioria das pessoas
aprendem a ler, uma vez que a leitura exige simultaneamente: atenção
dirigida às marcas impressas e controle do movimento dos olhos,
reconhecimento dos sons associados com as letras; compreensão das
palavras e gramática; construção de idéias e imagens, comparação de
idéias novas com as existentes; armazenamento de idéias na memória.
Exemplo, na leitura silábica não se acumula informações e ler a palavra é
ler pela primeira vez, não tem automoticidade para ler, isto é, lê e
não compreende o que leu.
Como
lidar com o disléxico: Em primeiro lugar identificar os pontos fracos e
as áreas geradoras de problemas, descobrindo o estilo cognitivo
predominante e realizar o tratamento.Em segundo, utilizar material
concreto, além de papel quadriculado, fazer jogos com premiações e castigos.Utilizar rimas, músicas e repetições, ler em voz alta, fazer com que a criança leia em voz
alta, a pratique a visualização dos problemas,use desenhos. Não
complicar visualmente. É indispensável permitir o tempo para fazer exercícios.Usar
cartões com linguagem usada na aula.Prestar atenção não apenas no
resultado, mas no processo utilizado.Observe os acertos e não somente os
erros, como o aluno chega aos resultados.
Conclui-se que existem pessoas nos dois extremos dos estilos; isto é,
muitas pessoas podem usar dois estilos ao mesmo tempo.O estilo
escolhido depende da dificuldade e tipo de questão.A estratégia
compensatória utilizada vai depender do tipo de estilo dominante.Cada
estilo é ligado a um hemisfério cerebral. Há mais minhocas que grilos.No
hemisfério esquerdo domina a maioria das pessoas. As minhocas com
memória deficiente são as que mais sofrem com a matemática.E as minhocas
utilizam o hemisfério esquerdo. Se aceitarmos as hipóteses da
dominância do hemisfério direito no cérebro disléxico, chega-se à
conclusão de que uns grandes números de disléxicos são grilos.Os grilos
são prejudicados no sistema de ensino por não documentarem seus
processos, é necessário ensiná-los isto. Alguns exercícios favorecem a
um ou outro estilo.Ter um estilo dominante não significa necessariamente
que a criança tenha sucesso no uso.
‘‘Para o disléxico o difícil é fácil e o fácil é difícil’’.
Fonte: http://www.psicopedagogia.com.br