EAD sem fronteiras: é possível encontrar cursos de primeira linha -e grátis- na internet
Há
dez anos, o MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das mais
respeitadas instituições de ensino superior dos Estados Unidos,
decidiu publicar gratuitamente na internet o conteúdo de seus cursos. A
iniciativa inspirou outras universidades a fazer o mesmo. Hoje, o
consórcio OCW
(OpenCourseWare) reúne instituições de ensino superior de 46 países,
com conteúdo em 18 idiomas diferentes. Em português, é possível
encontrar cursos como “Introdução à Administração Estratégica” e
“Intermediação em Investimentos Financeiros”.
Ao longo da última década,
a plataforma foi acessada por mais de 100 milhões de usuários. Entre
as 202 universidades que fazem parte da rede estão MIT, John Hopkins,
Universidade da Califórnia, Universidade de Michigan, Instituto
Tecnológico de Tóquio, Fundação Getulio Vargas, Universidade
Politécnica de Madri e Paris Tech. Há ainda universidades que não
fazem parte do grupo, mas disponibilizam suas aulas gratuitamente na
internet (leia mais abaixo).
“Quem
está interessado em um assunto mas não tem como objetivo tornar-se
oficialmente um especialista –ou seja, não precisa de certificado–
encontra um material de altíssimo nível para aprender”, afirma a
consultora em educação Marta Maia, professora da FGV (Fundação Getulio
Vargas). A FGV, a Unisul (Universidade do Sul da Santa Catarina), a
Federal Rural de Pernambuco e a Universidade de Sorocaba são as opções
brasileiras no consórcio.
Ainda
que iniciativas como essa estejam transformando a educação pelo
mundo, o formato no qual se tem acesso apenas ao conteúdo de um curso
não pode ser considerado EAD pela legislação brasileira. Isso porque,
mesmo que o material seja estudado rigorosamente, não há discussões com
professores e colegas, atividades em laboratório, tutoria, prazos,
exames presenciais e, sobretudo, não há diplomas.
Para
José Manuel Moran, professor de novas tecnologias da USP
(Universidade de São Paulo) e diretor de ensino a distância (EAD) da
Universidade Anhanguera-Uniderp, esses conteúdos só podem ser
classificados como EAD sob um ponto de vista mais amplo do termo.
“Sempre que se aprende algo por meio eletrônico há uma forma de ensino a
distância. Hoje existe uma variedade incrível de oportunidades”,
afirma. Mas, assinala, o estudo independente enfrenta resistência no
Brasil. “O público brasileiro tem apresentado a necessidade de um ensino
a distância mais monitorado”, diz ele.
Segundo
Marta Maia, da FGV, os conteúdos abertos estão presentes no ensino
oficial do Brasil de forma complementar aos cursos. “É uma
oportunidade ótima. Nenhum professor deve deixar de buscar no OCW
material que complemente o seu”, aconselha. “Mas, em geral, é para isso
que serve: como um complemento. Como não há professor, não tem quem
provoque, estruture o projeto pedagógico e trace a rota, apontando onde
os estudantes devem chegar”, completa a professora.
Para
atender à demanda de alunos que desejam ter um certificado que ateste
o conteúdo aprendido nas aulas a distância, o MIT anunciou, em
dezembro, que terá, pela primeira vez, uma plataforma com fóruns de
discussão entre estudantes, acesso a laboratórios on-line e certificados
para quem comprovar em exame ter aprendido os conteúdos das aulas
virtuais.
O
sistema, batizado de MITx, continuará gratuito. Uma taxa, ainda a ser
definida, será cobrada de quem quiser fazer o exame para o
certificado. Segundo informou o reitor da instituição, Rafael Reif,
durante entrevista coletiva no lançamento do projeto, o MITx entrará no
ar ainda este semestre, com um ou dois cursos. Mas a ideia é que ele
atinja a dimensão do OCW.
Aprendiz
Créditos: www.ivanilson.com
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